quinta-feira, 9 de junho de 2011

Esperanças de uma manhã desapegada.

Na manhã de hoje, caminhando em direção ao meu trabalho, desapegado ao meu redor, mal sabia o que poderia por vir logo adiante. Pois bem, seguindo o meu destino me deparo com uma situação não tão agradável. Passo em frente de uma lanchonete e observo um garoto que cheirava à mercaptana, com os pés inteiramente negros, e suas obras artesanais atravessada em sua caixa torácica, implorava um salgado ao dono. O dono desequilibrado, por estereótipo degradante impregnado em seu cérebro desumano, simplesmente pedia-o para que sairá e deixasse o lugar. Passei-me pela lanchonete observando a situação e pensei: “É simplesmente mais um cruel, nesse mundo de barbárie.”

No entanto, mais adiante me sensibilizei, parei-me ao meio dessa fatalidade distorcida que é comum de que aconteça nesse mundo devastador e repensei: “Como pode um ser humano ter a capacidade de praticar isso com outro? Como pode um indivíduo ser tão vago de sentimento e sensações com seu próximo?” Busquei e rebusquei respostas, não consegui encontrá-las. Contudo, a minha consciência não me deixou tranqüilo, em meio a todo o caos que consumia os meus pensamentos, por impulso inconsciente retornei-me a lanchonete e perguntei ao pobre garoto:
- Tens fome? Você quer um salgado?
Ele respondeu: Sim, tenho fome, não como faz alguns dias.
Fui-me em direção ao dono, sem nenhum sentimento de rancor e revolta e lhe disse:
- O garoto está com fome, dê a ele quantos salgados quiser, atenda-lo, por favor.

O Dono da lanchonete embatido com a situação, atendeu o meu pedido, perguntou ao garoto quantos salgados ele queria. Observei ao meu redor, avistei como as pessoas me olhavam, com olhares fixos, feito animais selvagens em busca de suas presas, impressionadas como se algo sobrenatural acontecia no momento. Digno de uma sociedade pouco compassiva, solidaria, e sensata. Logo, dirijo a minha vista ao garoto, noto que o jovem agarra o guardanapo com suas mãos horrendas e sujas, observo que o papel em branco toma forma diferente e cor negra. Ele faz o pedido. Nada menos que 5 salgados, sorrio e digo a ele:
- Se quiseres mais, peça, não tenha receio.
O garoto respondeu: Obrigado, estou satisfeito.

Dirijo-me ao caixa da lanchonete, pago o que lhes devia, e sigo ao meu destino. No entanto, chegam chamados aos meus ouvidos, me volto para trás, vejo o garoto vindo em minha direção, sorrindo. Uni-se a minha mão e me diz:
- Obrigado cara, você é a pessoa mais generosa que eu conheço no mundo.
Observo aquele sorriso, mesmo que seja um sorriso apodrecido, me preencho e absorvo toda a energia que é transmitida no momento, me emociono e digo:
- Eu não fiz nada mais do que é o necessário.
Selamos a ocasião com um forte abraço. Retorno ao meu caminho. Feliz, com sentimento de satisfação trasbordando em minha alma, emocionado, e preenchido com o fato.

Gostaria que todas as pessoas pudesse sentir o que sinto nesse momento, a pura sensação de satisfação e felicidade, meu sorriso se deságua em minha face. Sei que inúmeras crêem que foi um simples gesto frívolo e leviano. Do mesmo modo, sei que há outras que tem a sensibilidade e conhecimento de que esse sentimento é profundo. Enfim...

Devemos e podemos mudar essa realidade cruel que “sobrevivemos” e não vivemos. Conscientizarmos como é, de fato, esse mundo de ódio, egoísmo e discórdia. Actuar, fazer e, construir um castelo resistente de bondade e sabedoria, se tornando de livre vontade o compartilhamento do amor, da solidariedade, e da compaixão, valorizando os sentimentos, as sensações, o bom senso, e o conjunto de todos os homens.

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